domingo, 29 de junho de 2014

Crítica Os Muppets 2: Procurados e Amados



Together again! Já faz um bom tempo desde a última vez que atualizei este blog por falta de tempo ou qualquer outro motivo. Mas se tem alguma coisa no mundo que tem o poder de me trazer de volta de qualquer situação, essa coisa sempre foi um grupo de personagens felpudos criados pelo genial e incomparável Jim Henson; Os Muppets. Meu amor por esses personagens é gigantesco. Os Muppets representam tudo em que eu acredito, eles representam bom humor, lealdade e inocência, atributos cada vez mais raros no nosso mundo crescentemente cínico.
Então é com um prazer imenso que eu finalmente recebo a estreia do filme Muppets Most Wanted (Aqui no Brasil chamado de Os Muppets 2 – Procurados e Amados; Título que me incomoda incrivelmente, principalmente porque se trata do OITAVO longa para cinema dos Muppets, contanto desde o original The Muppet Movie de 1979), que estreou em Março nos Estados Unidos e só agora, em Junho, no Brasil. Com o maravilhoso The Muppets de 2011, a Disney relançou a franquia criada por Jim Henson de forma brilhante, servindo ao propósito de apresentar a franquia para toda uma nova geração, e ao mesmo tempo contemplando os fãs de longa data com inúmeras referências e momentos nostálgicos de trazer lágrimas aos olhos. O diretor James Bobin e o roteirista Nicholas Stoller retornam com uma pegada diferente, menos emocional e mais focada no humor maluco ao melhor estilo Muppet. Os Muppets 2 tem a missão de continuar de onde o outro filme parou, e eles fazem isso literalmente.



A Sequência começa no exato momento que o último filme termina, de maneira genial. A canção de abertura "We're Doing a Sequel" é maravilhosa, esbanjando do humor único dos Muppets! Eles abertamente ironizam Hollywood e suas sequências, com frases como “Todo mundo sabe que as sequências nunca são tão boas quanto o original”. Um senso de humor que tem toda a cara de Jim Henson, todo o sabor do Muppet Show original. Esse estilo de humor e capacidade de se auto-satirizar continua durante todo o filme, os Muppets constantemente fazem referências e piadas com os filmes que vieram antes.

Essa genial abertura deixa claro que o objetivo do filme não é imitar o que foi feito no longa de 2011. Ele não tem a pretensão de ser tão emocionante e nostálgico como o filme anterior, que serviu para trazer os personagens de volta. Agora que eles já estão de volta, eles podem voltar a fazer o que fazem melhor; Fazer o seu show! Acho que o filme é muito mais próximo em estilo ao ótimo segundo filme, A Grande Farra dos Muppets, de 1981. 



Todo o elenco está perfeito, sejam humanos ou Muppets. O elenco humano está impecável. Ricky Gervais (um grande fã dos Muppets) está fantástico como Dominic Badguy (em outro exemplo do humor ao melhor estilo Muppets, seu sobrenome que significa cara mau, vilão, já deixa claro o papel dele no filme), surpreendendo, principalmente ao cantar e dançar. Tina Fey está maravilhosa como Nadya, a guarda russa de uma prisão de segurança máxima, mostrando todo seu talento e uma voz surpreendentemente boa. Mas meu membro favorito do elenco humano é Ty Burrell como o inspetor francês Jean Pierre Napoleon, que absolutamente rouba as cenas fazendo dupla com Sam, a Águia. Esse é também o melhor papel de Sam em um filme dos Muppets até hoje. A mal humorada e patriota águia careca americana originalmente interpretada pelo lendário Frank Oz, e atualmente por Eric Jacobson, nunca brilhou tanto como aqui. A dupla policial é absurdamente hilária e merecia um spin-off próprio.



As inúmeras participações especiais das mais diversas celebridades, de Lady Gaga a Tom Hiddleston, de Tony Bennett a James Mcavoy são todas hilárias, e ainda mais numerosas que no último filme. Destaque para Danny Trejo que está engraçadíssimo como um dos prisioneiros do Gulag onde Kermit fica preso e Celine Dion que faz um dueto incrível com Miss Piggy na canção "Something So Right".



A trilha sonora, que conta com a mesma equipe do filme anterior, Bret McKenzie (que ganhou o Oscar pela música "Man or Muppet" do filme de 2011) e Christophe Beck (que também fez Frozen e Paperman para a Disney), é espetacular. Assim como em Os Muppets, o filme mistura antigos clássicos dos Muppets (como a adorável Together Again de Os Muppets Conquistam Nova York de 1984 e o tema de abertura do Muppet Show de 1976, que nesse filme é interpretada em Espanhol), sucessos pop contemporâneos que não são de autoria dos Muppets (como Moves Like Jagger e Macarena) e várias canções originais no melhor estilo Broadway compostas por Bret McKenzie. Essas músicas tem todo o "sabor" dos Muppets, elas tem letras de humor afiadíssimo e melodias que grudam na cabeça, como a ótima balada estilo anos 70 "I'll Get What you Want" e a hilária "Interrogation Song". Mas o grande destaque vai para a já mencionada "Something So Right", que eu realmente espero que concorra ao Oscar ano que vem.


Mas o grande triunfo do filme é que o espetáculo é mesmo dos Muppets! Todos os personagens principais estão extremamente bem caracterizados e hilários em seu próprio modo. O filme deixa claro o quanto Kermit é essencial em seu papel central de líder do bando. Fozzie está brilhante fazendo uma excelente dupla cômica com Walter, personagem que foi introduzido no último filme e continua muito bem explorado aqui. Miss Piggy, Animal, Gonzo, Scooter, Rowlf, o Chef Sueco, Bunsen e Beaker... Todos tem sua chance de brilhar, e o fazem magnificamente. Mesmo os personagens menores porém queridos pelos fãs, possuem pequenas porém muito memoráveis participações como o sobrinho de Kermit, Robin (um dos meus favoritos no Muppet Show), que é dono da talvez mais engraçada e igualmente triste fala do filme. Outros personagens menores populares como Pepe e Rizzo também ganham participações um pouco maiores que no longa de 2011. Eu torço para que esses personagens ganhem ainda mais destaque em projetos futuros.



Constantine, o sósia maligno de Kermit, é a nova aquisição ao panteão de personagens, e ele é fantástico! Gargalhei alto ao assisti-lo tentando imitar Kermit cantando Rainbow Connection e errando a letra grosseiramente ("The lovers, the dreamers... and cheese") ou usando a sua bizarra dentadura metálica. Absurdamente hilário e protagonista das melhores cenas de ação, ele é provavelmente o melhor vilão da história dos Muppets. 



Agora o motivo de festa para fãs antigo como eu são as participações especiais, mesmo que pequenas, de centenas de Muppets obscuros, como Annie Sue (com a sua puppeteer original Louise Gold), os irmãos Zucchini, Pops, Spamela Hamderson, Mildred Huxtetter, Andy e Randy Pig, e muitos outros personagens obscuros, alguns que só haviam aparecido uma vez até então. Para os fãs é um delírio!

Também merece destaque o excelente time de puppeteers, alguns dos quais fazem parte do time original de Jim Henson como Dave Goelz (que faz personagens como Gonzo, Bunsen e Zoot desde seu surgimento) e Steve Whitmire (atual interprete do Kermit, desde a morte de Jim Henson), que se unem aos igualmente talentosos Peter Linz, Eric Jacobson, Bill Barreta e Matt Vogel, que rouba a cena como Constantine! Especialmente nas excelentes sequencias de ação, possivelmente as melhores já vistas nos 8 filmes dos Muppets. A arte de "puppeteering" foi elevada a um novo nível com esse filme. É um espetáculo visual.




Acho que já ficou claro o quanto eu me apaixonei por esse filme! Uma coisa que me incomodou bastante lendo outras críticas brasileiras foi o quão raso é o conhecimento e a percepção do que são os Muppets, em relação às cíticas americanas. Li críticas nacionais dizendo que é uma repetição do mesmo humor do filme de 2011 (quando na verdade é o mesmo estilo de humor desde a estreia do Muppet Show em 1976, se você não gosta desse estilo de humor, me desculpe mas essa franquia não é para você), ou pior ainda, alegando que o filme precisava de mais cinismo e sarcasmo para se adequar aos dias de hoje e que não deveria abordar temas como a importância do amor e da amizade, por exemplo. Bah! Dizer isso é mostrar que você não sabe o que os Muppets significam. O humor puro, inocente e auto-satírico é sua característica principal, e são características de seu criador, Jim Henson. Jim possuía um senso de humor único e o tempo todo lutava contra o cinismo. Isso era algo que ele tentava deixar claro em todas suas obras, e é o que fazem os Muppets tão únicos e maravilhosos.

Quem quiser entender melhor o humor dos Muppets e o gênio que foi Jim Henson, recomendo demais a biografia dele, escrita por Brian Jay Jones e lançada ano passado. Já é um de meus livros favoritos de todos os tempos!



Enfim, embora o filme de 2011 ainda seja meu favorito, por ser tão poderosamente emocional e nostálgico (e por ter me arrancado rios de lágrimas), Os Muppets 2: Procurados e Amados é um filme MARAVILHOSO! Absurdamente hilário, puro, bizarro e divertido, como só os Muppets conseguem ser! Toda a essência dos Muppets está presente neste excelente longa.
A impressão que tive ao assistir foi que Jim Henson ressuscitou e dirigiu esse filme, porque o filme tem todo o estilo e textura do próprio Jim! De todos os filmes dos Muppets lançados desde sua morte, acho que Most Wanted é o mais "Jim Henson" de todos. Acho que Jim ficaria muito, muito orgulhoso do filme. E certamente me deixa orgulhoso por ser um fã dos Muppets. 10/10.



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