domingo, 29 de dezembro de 2013

FROZEN - UMA AVENTURA CONGELANTE



Ontem eu tive a oportunidade de assistir a pré-estreia do mais novo filme da Disney, Frozen (No Brasil, Frozen: Uma Aventura Congelante, porque nosso país adora esses subtítulos superlegais), o 53 º filme de animação do Walt Disney Animation Studios. Livremente baseado no conto A Rainha da Neve de Hans Christian Andersen (o mesmo autor da história original A Pequena Sereia, que por acaso é meu filme Disney favorito de todos os tempos), dirigido por Chris Buck e Jennifer Lee e estrelado em sua versão original por uma série de atores talentosos como Kristen Bell, Idina Menzel, Josh Gad, Jonathan Groff, Alan Tudyk e muitos outros, e com músicas de Christophe Beck, e letras do casal Kristen Anderson-Lopez e Robert Lopez.

Assim que o filme acabou, meu primeiro pensamento foi que este é possivelmente meu filme favorito da Disney desde a “Disney Renaissance” (ou Renascimento Disney, em português, a forma como os fãs chamam a brilhante segunda fase de ouro da animação Disney nos cinemas, que começou com A Pequena Sereia em 1989 e terminou com Tarzan em 1999). Fui surpreendido pela excelente história, as inteligentes alterações ao conto original, os personagens carismáticos e cativantes, a animação maravilhosa e a espetacular trilha sonora.



O grande triunfo de Frozen foi trazer de volta aquele estilo Broadway que foi consagrado em longas Disney com músicas da genial e talentosíssima dupla Howard Ashman e Alan Menken, a dupla que nos brindou com A Pequena Sereia, A Bela e A Fera e Aladdin (a trilogia que possui as melhores trilhas sonoras de todos os filmes Disney em minha opinião). Esse estilo se encaixa tão bem com filmes Disney, que o resultado é magia pura. Desde a morte de Ashman, eu não presenciava um filme Disney tão “Broadway” quanto Frozen! Com certeza não seria forçar a barra imaginar que um dia essa história poderia ser tranquilamente adaptada para a Broadway como já aconteceu com A Bela e a Fera, o Rei Leão, a Pequena Sereia, etc. Christophe Beck, de quem eu já sou um grande fã desde que ele criou o tema principal do seriado Buffy A Caça-Vampiros, está cada vez mais mostrando que combina perfeitamente com o estilo Disney. Seu trabalho com o curta vencedor do Oscar Paperman, e com o mágico filme Os Muppets de 2011, que ressuscitou a querida franquia criada por Jim Henson, já havia me impressionado, mas mais uma vez ele me surpreendeu. Somado ao talento de astros como a sempre adorável Kristen Bell (Veronica Mars) e a magnífica Idina Menzel (de Wicked e Encantada) como Elsa, a Rainha da Neve, o resultado é excepcional.



Outro aspecto genial do filme são seus personagens. O conto de fadas A Rainha da Neve está na mira da Disney para ser adaptado à décadas. Muitos tentaram, incluindo o próprio Walt, mas falharam, especialmente porque Elsa, a personagem título e uma vilã no original, mostrava-se extremamente difícil de adaptar. Os criadores de Frozen, Chris Buck e Jennifer Lee resolveram o problema tornando Elsa e Anna (baseada em Gerda, a protagonista do conto de Andersen) irmãs, uma solução genial que resultou em uma emocionante história sobre o amor entre irmãs; e ainda nos brindou com duas das melhores, mais feministas, pró-ativas e independentes, Princesas Disney de todos os tempos! Anna é divertida e atrapalhada, mas também é muito forte, independente e determinada. Sua jornada e o relacionamento com a irmã é absolutamente fascinante. Elsa, provavelmente minha personagem favorita no filme, é séria, complexa, sombria e poderosa. Sua história é sobre aceitar quem você é de verdade, e abraçar seus talentos naturais. A Disney acertou em cheio na caracterização de ambas e nos deu um filme maravilhoso sobre o amor entre irmãs.



Todos os outros personagens são igualmente bem caracterizados. Ambos Kristoff e Hans, os protagonistas masculinos, são personagens interessantes e muito mais do que aparentam, ambos irão surpreender a audiência de formas distintas. Sven, a rena, é um dos mais carismáticos personagens mudos desde Dumbo e Olaf é um personagem destinado ao panteão de grandes personagens cômicos da Disney. Também destaco o hilário Duque de Weselton, magnificamente interpretado por Alan Tudyk, de quem eu sou um grande fã graças à seu trabalho com o diretor Joss Whedon em obras como Firefly, Serenity e Dollhouse.



Visualmente, o filme também triunfa absolutamente. Os animadores criaram um realismo absurdo para o gelo e a neve. O palácio de gelo da Elsa é de tirar o fôlego!



Minha única e pequena reclamação é o título do filme. Pessoalmente eu gostaria que fosse chamado de A Rainha da Neve mesmo, mas assim como Rapunzel virou Enrolados, a mudança foi feita para atrair uma porção maior do público masculino, principalmente por causa do fracasso comercial de (na minha opinião, também excelente) A Princesa e o Sapo. Na cabeça dos publicitários isso aconteceu por ter “Princesa” no título, então os pais não levavam os filhos machos para assistir. Então temos Frozen e Tangled no lugar de Rainha da Neve e Rapunzel. Bah! Ainda bem que em 1989 não era assim, ou meu filme favorito seria “Empraiados” no lugar de A Pequena Sereia.



De qualquer forma, Frozen é uma belíssima, emocionante e magnífica aquisição ao panteão de filmes Disney. É, na minha opinião, o melhor musical da Disney desde a morte de Howard Ashman, o responsável por mesclar os estilos Disney e Broadway. Frozen leva essa fórmula à um novo patamar e, assim como em A Pequena Sereia, atualiza um amado conto de Hans Christian Andersen para toda uma nova geração. Não tenho a menor dúvida que Howard Ashman ficaria orgulhoso.


Frozen - 10/10.

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